Religião

Discussion in 'Portuguese' started by amarylia, Mar 15, 2005.

  1. amarylia

    amarylia Member

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    Épah eu estou de nada, como quem diz de férias, por conta própria :S e achei que também podia haver uma thread acerca de religião.

    Comé? Vocês são a favor da religião? Acham que aquela frase 'o homem é um ser religioso' é verdadeira? A religião faz milagres? Salvas almas?

    Embora isto seja um tema muito batido vale a pena tentar =) e o que acham desta polémica new age da literatura comercial que põe em questão a posição da igreja? (código da vinci... e afins)

    E o paganismo?

    É verdade que há que ter fé, mas em quê?

    Eu pessoalmente não sou fundamentalista, até alguém me agarrar pelo pescoço (sei lá, a conversão existe...), mas aprovo a mensagem que Jesus passou, embora não tenhamos a sua versão original nos dias de hoje, não se pode ter tudo.

    Será que Jesus foi o maior filósofo de todos os tempos?

    'eu' e o pai somos um? ou nós e o 'pai' somos um?

    E a evangelização, concordam?

    Abraço*
     
  2. Ayesha

    Ayesha Member

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    Olha, só quero dizer que gostei da ideia :) Acho que é um bom tema! Mas respondo amanhã que agora estou cheia de sono, lololol!
     
  3. não me lembro

    não me lembro Member

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    ai ai ai! Preciso de tempo pra isto. Também queria falar de tanta mas tanta coisa no thread da literatura... k coisa.. Vçs só kerem falar de coisas interessantes, porra! Depois é isto! lol
     
  4. não me lembro

    não me lembro Member

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    Pra já fiquem com esta...

    “É estupidez pedir aos deuses aquilo que se pode conseguir sozinho” Epicuro
     
  5. migle

    migle Senior Member

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    esto último es totalmente cierto, a mí siempre me han hecho pensar esta forma de hablar cuando la gente dice "si dios quiere..." o "gracias a dios" cuando se habla de tonterías, yo siempre pienso: vamos a ver, si dios existe, tú te crees que tiene tiempo pa acordarse de estas tonterías?? bastante trabajo tiene por el mundo o por el universo o wtf!!!! lolololol
    e a minha mae sempre se enfada conmigo cuando digo esas cosas :D
     
  6. amarylia

    amarylia Member

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    hehe migle :) eu acho sempre muita piada a esses comentários, e até eu que acredito num deus que não dá graças, depois dou por mim a dizer graças a deus :sunglasse é cultural, não consigo evitar... mas acho que o graças a deus, se deus quiser, é tudo muito islâmico, inshallah...

    não há pressa, quando vos apetecer digam qualquer coisa acerca disto, para a gente divagar hihihihihi ;)
     
  7. jamira21

    jamira21 Member

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  8. amarylia

    amarylia Member

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    Bem, por agora também não acrescento nada :H porque esta thread levou-me a comprar um livro do qual já me tinham falado, Conversas com Deus, de Neale Walsch, por isso ando a ler e a pensar... ;)
     
  9. amarylia

    amarylia Member

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    «Estás a brincar comigo...

    Não. Vocês é que estão a brincar Comigo. Afirmam que Eu, Deus, fiz seres inerentemente imperfeitos e depois lhes exigi que fossem perfeitos ou enfrentariam a condenação.
    Afirmam que numa dada altura, tinha já o mundo uns milhares de anos, Eu me desleixei dizendo que a partir dali vocês não tinham necessariamente de ser bons, bastava sentirem-se maus quando não estavam a ser bons e aceitar como vosso salvador o Único que podia ser sempre perfeito, satisfazendo assim a Minha avidez de perfeição. Afirmam que o Meu Filho - o Perfeito - vos salvou da vossa própria imperfeição - a imperfeição que Eu vos dei.
    Por outras palavras, o Filho de Deus salvou-vos daquilo que o Pai d'Ele fez.
    É assim que descrevem - muitos de vós a Minha obra. Então, quem é que está a brincar com quem?»

    BAHAHAHAHAHAHA :sunglasse ainda estou a ler*
     
  10. Kitaro

    Kitaro Member

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    nnnnnnope.
    totalmente ateu.
    Os meus pais foram baptizados mas perto da minha idade pensaram melhor na coisa, provvelmente até antes.
    Eu nem sequer sou baptizado, lol :S
    Mas digo, como sempre disse e como o meu pai até diz «Lá Cristo esse é que era um grande homem, gaaanda hippie pacífico que realmente mudou o mundo»
    Totalmente certo, a meu ver. :)
     
  11. não me lembro

    não me lembro Member

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    Religião.. Por onde começar? Para já, afirmo-me ateu tendo em conta a noção geral de deus. Não acredito em deuses externos. Deus é uma projecção e criação do homem, como uma forma possível de satisfacção de necessidades espirituais que todos temos. Por estas necessidades espirituais refiro-me à necessidade de atribuir significado à vida, à morte, ao mundo, enfim, para que as coisas tenham sentido para nós, de forma a nos dar motivação para vivermos no mundo e sentir que fazemos parte dele. Um estudo que fizeram foi analisar a actividade cerebral de pessoas em chamado transe religioso (eram de várias religiões) através de ressonância magnética e havia uma área específica comum que registava mta actividade. Área essa que, já havia sido antes identificada, que é responsável por mecanismos de propriocepção. Muito simples, estas pessoas tinham prazer na substituição de uma consciência individual por uma noção de consciência colectiva com o mundo. Nesses momentos há a noção de que tudo faz parte do mesmo. Faz sentido... Mas o que leva a tais estados é a crença. A crença faz parte do homem e não podemos viver sem ela. Ninguém vive sem acreditar que por exemplo o sol vai nascer amanhã, e que a gravidade não deixará de existir. As crenças rodeiam-nos. E elas têm um poder imenso. Sobre nós mesmos e sobre os outros. Dou exemplo do chamado efeito placebo, que é uma variável presente numa enormidade de experiências científicas ao nível da psicologia, que, pra quem não sabe este efeito é o que se verifica por exemplo quando se dá uma pastilha elástica a alguém dizendo que é droga, e essa pessoa acreditando, começa a comportar-se como estando ganzada por acreditar que está mesmo ganzada. As expectativas podem ter muitos efeitos desde a alteração do campo perceptivo, alterações hormonais, podem ifluenciar até o funcionamento do sistema imunitário. As religiões serviram na sua génese, três propósitos. O primeiro era, através de um sistema de crenças e por intermédio de narrativas metafóricas (altamente apelativas ao espírito humano), garantir inteligibilidade ao mundo. Num mundo de muitos estranhos fenómenos como o vento ou fogo, que n tinhamexplicação a religião veio tapar buracos do conhecimento com suas engraçadas personagens (para explicar, como na grécia antiga, que o vento que era somente o bafo do deus Eol). Esta função faz cada vez menos sentido com o advento da ciência que substitui com eficácia essa função de tornar o mundo compreensível. Assim a religião tenta tapar os buracos do conhecimento que a ciência ainda não preencheu. Não sou a favor do endeusamento da ciência, pois ela própria tem suas limitações, mas é concerteza a fonte mais fiável de conhecimento de que dispomos Em segundo lugar há que responder à velha pergunta: O que andamos todos aqui a fazer. Já expliquei isto em cima mas cito Cesare Pave: “A religião consiste em acreditar que tudo aquilo que nos acontece é extraordinariamente importante. Nunca poderá desaparecer do mundo, justamente por essa razão” Por último, a religião tem um papel de regulação do comportamento moral. É aqui que encontro o maior problema das religiões. Há religiões que têm nivéis de raciocínios diferentes. Usando a escala de Kollberg que avalia níveis de raciocínio moral (o que interessa aqui não é estar certo ou errado mas sim quão longe e abrangente se vai no raciocínio do decidir entre certo e errado), vemos que a religião católica, por exemplo, tem um nível de raciocínio moral idêntico ao de uma criança de 6 anos, ou seja, funciona num sistema de recompensa/castigo. Se te portas bem vais para o céu, se te portas mal vais para o inferno. Ou seja, eu pratico o bem por interesse, porque me dão "doces". É uma perspectiva egocêntrica típica de uma criança que não consegue ainda abstrair-se da sua posição e compreender a dos outros. Já religiões como o budismo, por exemplo, oferece uma noção de moral mais evoluída e mais adequada ao funcionamento da mente humana. Mas falando de moral, faço aqui a ponte com os fins políticos das religiões. Isso mesmo, fins políticos. Tenho uma visão particular da moral: pegando na luta de classes de marx e em teorias sociológicas do poder, diria que a moral é quase sempre imposta e manipulada por quem tem poder para o fazer. Sendo a história uma luta de classes entre os poderosos e os dominados, os primeiros têm maiores recursos e mais oportunidades para estar em posição de criar normas que os mantenham no poder. Jesus até podia ter boas intenções. Mas no conselho de Niceia, em que se escolheu 4 evangelhos no meio de dezenas deles, estavam presentes diversos reis e figuras de estado. Escolheram os que não faziam menção à vida sexual de Jesus. Mais tarde a religião católica acentuou essa repressão da sexualidade. Porquê? Numa altura em que o cristianismo procurava se expandir, as religiões pagâs dominantes tinham a sexualidade como elemento mais sagrado, referindo-se a uma Deusa no feminino.. Sendo na altura (e até hoje) o homem, o sexo que detém o poder político, isto é fácil de perceber. E assim, a nossa civilização, por causa de religião, reprimiu durante uns dois mil anos parte essencial e inegável do ser humano que é a sexualidade. Vivemos por causa dela, através dela e para ela, e religião católica quis apagar isso. Esse foi o maior mal que a igreja causou na história da humanidade. Lançou-nos na obscura idade média, houve um "aliviar de tensão" com o renascimento, mas foi sol de pouca dura.De guerras em guerras, Avançamos mais um bocado até aos dias de hoje e eu diria que a revolução sexual dos anos 60 tem potencial para ser das mais histórícas de sempre... E falando em Freud, há quem lhe chame tarado sexual. Quem diz tal, não sabe o que diz. ELe viveu na época vitoriana! A repressão sexual estava no seu ponto mais alto e as pessoas claro que ficavam maluquinhas. Até eu ficaria. E Freud como bom observador viu que as pessoas que lhe apareciam com problemas,quase todos eles tinham a ver com sexo! Enfim, já me alonguei muito mas eu era capaz de escrever um livro sobre tudo isto. Dos grandes..
     
  12. amarylia

    amarylia Member

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    Ah... bem. Eu acredito na religião como acredito que se veja televisão todos os dias. Quando vemos um documentário científico na televisão, por vezes, surge uma percepção luminosa, como aha! então era assim e passamos a acreditar naquilo porque é a ´verdade'. Eu já vi algumas pessoas (jovens) encontrarem felicidade na religião, como alguém a encontra num trabalho das 9 às 5. A religião existe né? e claro que não é superior às outras maneiras de viver, porque é uma forma de vida. Eu acredito em páscoa porque acredito na primavera e nas estações, acredito em halloween, dia de todos os santos ou espíritos, porque também acredito na passagem do outono para o inverno. Mas tudo muda e as estações também. Cada pessoa que acredita em deus acredita à sua maneira, num contexto completamente diferente. E talvez seja a palavra que induz ao erro. Muitas formas de paganismo no fundo tentam caracterizar vários deuses como uma correspondência às necessidades das múltiplas personalidades dos seus seguidores. Acho que a coisa não complica e não é difícil, ya as pessoas querem estar juntas, reunidas, querem cantar numa igreja, ou dançar à volta de uma fogueira... é a comunhão, que é verdade, muitas vezes não passa de uma ilusão conjunta. Um conceito que li nas 'conversas com deus' e que achei simpático é que viemos ao mundo para experienciar a nossa alma através do nosso corpo, ora merda, talvez não seja na realidade, mas quem quer saber? O homem é um serzinho tão insatisfeito, esquece-se que tem braços e pernas para ajudar, esquece-se que pode usar a cabecinha para ajudar JÁ aquela pessoa ali ao lado. A própria realidade do ser humano não passa de uma ilusão ou não são limitadas as nossas capacidades de percepção? Só o facto de ter olhos limita-nos a ver através deles, bem, porque não tentar juntar uns pares de olhos para que a gente se veja melhor uns aos outros? através da religião que nós e os nossos criamos com as nossas verdades. Bem, eu acho que a religião é o caminho para melhor entender o homem e não deus, entre sentimentos e crenças, tudo o que se respira no corpo mas não é material.
     
  13. migle

    migle Senior Member

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    Pois el Papa ha muerto.
     
  14. sintetronic

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    Olá pessoal, eu já fui católico e evangélico, mas não mais sigo as igrejas, pois tive uma tremenda decepção, quando foram me ameaçar com processo, pelo fato de ter descoberto umas falcatruas da igreja e que ela temia que eu revelasse aos membros, assim fazendo com que pessoas fossem conscientizadas e não dessem mais ofertas, mas hoje acredito que exista um "Senhor do Universo", eu não posso por exemplo personificar, ou atribuir uma personalidade a Deus, mas acho, como a amarylia falou, que somos muito limitados em perceber as coisas, realmente, é bem possível que apenas pensemos como as regras que temos ao redor, no domínio do nosso mundo material, e as regras existentes no mundo espiritual seja completamente diferentes, como "a palavra tem poder", no mundo material não é possível que alguma coisa aconteça só com palavras, mas na Bíblia vemos isso acontecendo muitas vezes a ponto dela nos advertir que sejamos sábios e façamos o bom uso das palavras, este tema é muitíssimo amplo, e as palavras do "não me lembro" refletem muitas verdades, até mesmo aquelas que não são admitidas.

    Estaríamos todos afastados, e a religião nos "religaria" ao criador? Quais destas tantas poderia cumprir este papel, sem se render aos caprichos humanos? Ainda procuro esta resposta, já frequentei cultos rosacruzes e maçônicos, mas parece que eles também querem dominar o mundo... Porque todos oferecem um mundo posteriar, mas valorizam tanto o mundo atual, a ponto de querer tê-lo? Parece contraditório, a não ser, que os que chegaram no topo do comando dessas religiões estejam seguros de que tudo o que passam para os outros é pura mentira.

    Abraços à todos, Amém!
     
  15. Lestatold

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    Não quero faltar ao respeito a ninguem, isto é apenas a opinião de um rapaz de 17 anos.

    Não acredito na igreja catolica, ou qualquer outra. Falo na igreja católica, pois sou "tecnicamente" cristão, no sentido em que os meus pais são, e me baptizaram como tal. Como não acredito em mais nenhuma religião, simplesmente não mudo nada, pois não tenho nada para mudar.

    Mete-me um pouco de confusão que existam tantas pessoas no mundo, ao longo dos tempos. Milhões e milhões de pessoas, e todas elas se identificam (ou identificaram) com alguma religião sem mudar nada. Não é estranho que todas as pessoas se adaptem?

    Eu acho que não; neste momento (ainda) alguem que não acredita num Deus é visto de lado... para além do mais a educação de algumas pessoas pode fazer com que se acredite em rigorosamente tudo. Deixei de acreditar em Deus ha alguns anos, ao aperceber-me que as coisas não poderiam funcionar assim: como é que raio um Deus (ser perfeito) deixou Hitler nascer, se já sabia que ele ia matar tantos inocentes? Como é que Deus permite certas catastrofes naturais (como o tsunami de ha pouco tempo, que todoas se lembram) abatam paises, que, ainda por cima, são muito pobres?

    Desta pergunta saltei para outra: no meio de tanta contradição (refiro-me à igreja católica, à qual me incluia na altura), porque devo eu acreditar na existencia de um Deus identificavel?

    Apercebi-me que a resposta era: por nada.

    Então deixei de acreditar, simplesmente, sem nunca ter medo. Simplesmente não acredito num Deus identificavel a tomar conta de nós lá do céu. E acho que mesmo que existisse, a sua condição de Deus o colocaria numa posição infinitamente superior à nossa, e nós nunca saberiamos da sua existencia.

    O que eu acredito? Acredito que haja algo superior (NÃO IDENTIFICAVEL) como que uma energia. Como Socrates dizia (por favor, digam se eu estiver errado, pois não tenho certeza se era ele), quem chegava perto do conhecimento verdadeiro, estaria mais perto de Deus. Eu também acredito que a filosofia pode ser o melhor caminho para entender essa "energia" que considero Deus.

    Acredito também que haja algo depois da morte. Como Carl Sagan uma vez disse (mais ou menos): "Se não existe vida noutro ponto do universo, então este é um grande desperdicio de espaço". Chamem-me ignorante, mas sou assim :D

    Nuno.
     
  16. Ayesha

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    Uma vez, estava numa aula de História e o meu professor disse que conhecer o passado da Humanidade era quase um imperativo, que, sem o compreender, a Humanidade nunca seria capaz de encontrar a Harmonia, era como uma pessoa que nunca tivesse sabido quem eram os pais, enquanto não encontrasse a sua identidade essa pessoa jamais descansaria… Eu pensei tanto nisso… e é por isso que eu penso em Deus todos os dias (E digo Deus sem o ligar a nenhum tipo de religião, digo Deus enquanto instância criadora da vida, do mundo e da Humanidade).

    Num certo sentido, o meu pensamento é kantiano… Deus para nós é uma ideia, não tem nada de material, é uma hipótese do nosso Entendimento, e, sendo assim, não é cognoscível, nunca teremos a possibilidade de o provar através de um método experimental… Por isso, de certa forma eu sou agnóstica: no que respeita ao nosso conhecimento, não afirmo a sua existência, porque não tenho uma prova que baste para o justificar perante o meu Entendimento, mas também não o nego, porque não encontrei (e nunca me mostraram) uma prova que demonstre a sua inexistência.

    Apesar de não podermos conhecer Deus como conhecemos a uma laranja, (e de, por isso mesmo, não podermos provar ou não a existência de Deus como provamos a de uma laranja), sempre podemos pensar Deus. Racionalmente. Para começar, obviamente não acredito que caímos cá de pára-quedas. Tem que haver qualquer coisa e isso é a única coisa que faz sentido na cabeça de um ser racional, nós não somos capazes de conceber o nada, para nós concebermos o nada ele teria que existir e, existindo, era algo. Também não acredito na geração espontânea, acredito que o Universo é a criação de alguém. Num processo evolutivo, claro, que a Ciência tem vindo a descobrir. Esse alguém seria, a meu ver, uma espécie de causa primeira. Alguém que fosse causa de si próprio e efeito de ninguém… Com noções de espaço e tempo diferentes das que conhecemos, com uma natureza também bem diferente da nossa. A natureza desse Deus criador é que, no meu pensamento, continua tão confusa que nem me permite construir uma hipótese mais ou menos coerente. Enfim…

    Para além de tudo isto, tenho uma fé enorme no Bem e uma esperança ainda maior na Humanidade! Quando penso em todas as pessoas boas que tenho a felicidade de conhecer, quando penso em Jesus Cristo, no Antero de Quental, no Proudhon, no Che Guevara, no Salvador Allende, na Sophia de Mello Breyner e em todas as pessoas que lutaram pela Justiça, eu sei, cá no fundo do meu peito, que essa força do amor ao próximo não é vã e que há uma energia do amor que é divina… E é nesse Deus que eu acredito, é com ele que converso, é a ele que rezo, ao Deus do Bem. Não estou com ele por conveniência. Sei que não é um Deus omnipotente, porque se fosse ninguém passava fome neste mundo. Não sei se este Deus coincide com o outro, o criador do Universo, a causa primeira de tudo o que existe. A esse não posso questionar os desígnios, não o conheço, nunca se me mostrou. Mas ao Deus do Bem questionei. O Bem conheço eu e se este Deus da Justiça não ajuda a todos é porque não pode. Se calhar a força dele somos nós, homens e mulheres. E nós somos imperfeitos. Mas podemos aperfeiçoarmo-nos. E ajudar a quem precisa, a todos os que precisam.

    As religiões não me fazem confusão. Pelo contrário, acho que são parte natural da espiritualidade humana. Essa espiritualidade pode ser vivida de várias formas e não deve ser censurada, desde que não prejudique ninguém obviamente. Deus, o do Bem, é só um, mas para se chegar a ele pode ser preciso dar-lhe um nome: Shiva, Jah, Jeová, Allah, Gaia, Ísis, Cerridwen… As religiões são feitas pelo homem e, como o homem, são imperfeitas. Eu não pertenço a nenhuma, sou fascinada por todas, mas identifico-me mais, pela cultura do meu país, com o cristianismo. Acho lindas as tradições que encontro no Portugal profundo, algumas associadas à Igreja. Revolta-me saber que estamos a perder a nossa identidade para a merda da globalização. Irrita-me ver quem se envergonha de ir à missa do Galo e se mascara de bardamerdo no Halloween para ir à discoteca mais fashion da zona. Como é óbvio, não esqueço as injustiças que a Igreja tem praticado desde o seu começo até aos dias de hoje, nem as injustiças praticadas por nenhuma religião. Mas também não esqueço o resto. Eu simplesmente sou pelas pessoas boas, que estão em toda a parte. Não esqueço o Santo Ofício, não esqueço as Missões, não esqueço as castas, não esqueço os Movimentos de Libertação, não esqueço a violação dos direitos das mulheres, não esqueço o dever de ajudar a quem precisa… Não gosto de visões generalistas. Não esqueço o mal, mas também não esqueço o bem.

    Não me faz confusão um Deus imanente, desde que ele surja para fazer o Bem. Se o homem tiver necessidade de criar um Deus que lhe represente a esperança no Amor e que lhe dê confiança para aguentar os momentos maus, é sinal que tem o Bem dentro dele, então… Seja feita a sua vontade.

     
  17. Ayesha

    Ayesha Member

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    Já agora, Lestatold, o teu nick tem alguma coisa a ver com o vampiro Lestat?
     
  18. sintetronic

    sintetronic Member

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    Mesmo com essa idade, tu tens uma cabeça cheia de sabedoria, e muita esperança, felicidades plenas.

    Uma coisa sempre me chamou a atenção: Não sou um estudante profundo da Bíblia, mas a respeito muito como livro de sabedoria, que deve ter chegado até nós, pelo menos em grande parte inalterado, e vendo lá em Gênesis ( Gênesis é o primeiro livro ) está escrito no Capítulo 1 e versículos 9 e 10, "9 - E disse Deus:Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar, e apareça a porção seca, e assim foi; 10 - E chamou Deus a porção seca Terra, e ao ajuntamento das águas chamou Mares. E viu Deus que era bom."

    A Bíblia vem sendo escrita a mais de 3400 anos, onde o conhecimento humano e da ciência eram bastante restritos, idade das cavernas em relação a hoje, e a ciência somente tomou forma, trazendo os avanços maiores desde cerca de 400 anos para cá.

    A ciência descobriu que na formação da terra , não tão no início, havia um SUPERCONTINENTE, uma porção de terra separada da água, cálculo esse que é feito levando-se em consideração o afastamento dos continentes retroagindo, que a cerca de 200 milhões de anos, todos os continentes eram UM SÓ!

    Então QUEM, fez a separação da TERRA E DA ÁGUA de forma tão precisa? E isso ainda por cima ESTÁ DOCUMENTADO em um livro escrito a cerca de 3400 anos? Bem antes de que o homem tivesse a noção do tamanho da terra, e da invenção de cálculos matemáticos que pudessem levar a essa conclusão?

    POR FAVOR, ME DEÊM ALGUMA DICA!

    Obrigado.
     
  19. Lestatold

    Lestatold Member

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    Sim tem. O Entrevista Com O Vampiro marcou-me (não sei nem nunca quis saber porquê... marcou-me e pronto :)) e por mais que me chateie a situação não li mais nenhum livro de Anne Rice, é que enfim... testes e tal... não me permitem ter a leitura que eu desejava. Por isso da forma que gostei do entrevista, espero gostar de outros livros da autora (incluindo a saga dos vampiros), e quero-os ler com calma.

    O Lestat tem alguns pontos similares com os meus no que toca à descrição da parsonagem.


    :)
     
  20. Ayesha

    Ayesha Member

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    Pois... Eu tenho assim como que uma pancada pelo Lestat... lololol
     

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